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Náuseas

Neuras do dia-a-dia

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Náuseas

11
Ago20

A Obra ao Negro

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Terminei há dias de ler "A Obra ao Negro" de Marguerite Yourcenar. Não foi a minha primeira tentativa de ler uma obra da autora belga. Há uns anos tentei ler "Como a Água que Corre", mas desisti. Não me lembro de nada do que li, lembro-me de que não gostei. "A Obra ao Negro" também não me agradou e foi provavelmente a última coisa que li de Yourcenar. Na realidade, estive quase a desistir por volta da página 60, mas algo me obrigou a concluir um livro dela.  Como a vida é demasiado curta para a quantidade de livros que há para serem lidos, nunca (ou muito raramente...) me obrigo a terminar de ler um apenas porque o comecei!

Quando leio um romance, geralmente a sua história, por muito boa que seja, raramente é aquilo que me seduz. Há excepções, claro. Por exemplo, no realismo mágico consigo ficar preso à história do princípio ao fim. As histórias do Salman Rushdie, do García Márquez, ou do Saramago costumam deixar-me maravilhado. Mas a regra é que normalmente a história não chega. E em Yourcenar o que me sobra depois de se retirar a história é muito pouco. Claro que ela sabe escrever bem, quem sou eu! É uma escrita bastante clara, fluida e fácil de seguir.

E é claro que aprendi muitas coisas com a história de Zenão neste romance. Por exemplo, obrigou-me a ir investigar o que foi a rebelião de Münster.  Recomendo que vão procurar à wikipedia, mas em resumo: no século XVI, um anabaptista radical ("anabaptista"? Ou "anabatista"? Não tenho o dicionário aqui à mão) tentou aí criar a "Cidade de Deus", e obviamente terminou em massacres horrendos. Gostei de alguns diálogos mais filosóficos que vão aparecendo, das alusões a factos e pessoas que todos conhecemos do Renascimento (especialmente em Itália). Mas é pouco. Muito pouco. Mas vão ler e tirem as vossas conclusões.

 

07
Jul20

A náusea habitual

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Depois de muita burocracia (medir temperatura, desinfectar as mãos, calçar umas capas nos sapatos), lá consegui entrar. A senhora que me abriu a porta indica-me o local onde devo aguardar que me chamem para a consulta de medicina dentária. "Sente-se ali numa daquelas cadeirinhas, que já o vêem chamar."

Dirijo-me à zona indicada onde já duas ou três pessoas aguardam também que as chamem. Estão todas bastante distantes umas das outras, claro, e olham-me por detrás das suas máscaras. Aproximo-me de vários sofás num local afastado e reparo que em todos eles há um símbolo. Como é habitual, o meu único objectivo é sentar-me rapidamente, deixar de sentir o olhar das outras pessoas quanto
antes. Não presto atenção ao símbolo no sofá onde me sento, não penso nele. Apenas desejo ocultar-me.

Olho lá para fora, respiro profundamente, procuro recuperar a calma. Pouco a pouco começo a olhar à volta e a minha atenção cai finalmente no símbolo dos sofás. Um símbolo que indica que os sofás não devem ser utilizados. A calma desaparece novamente. Que fazer? Sinto o suor a começar a aflorar-me as têmporas, e não consigo decidir o que fazer. Levantar-me? Vou-me sentir idiota se o fizer, todos vão voltar a olhar-me. "Que palerma! Ignorou um sinal enorme!". E que me importa o que pensam? Vou levantar-me. Mas não levanto. Decido ignorar o símbolo. Mas isso é ainda mais idiota. Não sei o que fazer. Pode ser que me chamem rapidamente. Mas.. e quando me vierem chamar vão ver que estou sentado num local proibido, vão-me perguntar porque ignorei o sinal.

Volto a olhar lá para fora, tento retomar a calma respirando lentamente. Imenso tempo passou (quanto terá sido realmente?) até que por fim me chamam. Não me repreendem.

 

29
Mai20

De volta ("outra vez? buuu!")

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Muito tempo passou desde a última vez que por aqui passei. Pois. Sinto-me culpado. Adoro escrever, mas a vida real tira-me toda a energia para fazer as coisas que realmente importam. A rotina, o dia-a-dia, a falta de ócio. Tudo isto. E no entanto são apenas desculpas que dou a mim mesmo. Fujo de distrações, tento ler. Mas tenho uma dificuldade incrível para me concentrar e ler os livros "difíceis". Tudo foge, não entendo.  Mas de nada me serve lamentar, estou aqui novamente.  Talvez.